Big Data na Construção civil

Historicamente, as pesquisas sobre Big Data estão espalhadas mundo afora há mais de 20 anos; e pode-se dizer que não há propriamente um consenso bem estabelecido sobre a definição do termo. Diferentes autores, de distintas nacionalidades, em seus livros, artigos e posts de internet definem, cada um à sua revelia, o termo Big Data; fazendo referência, principalmente, à cinco pilares (os cinco V’s do Big Data), são eles: Volume, Velocidade, Veracidade, Variedade e Valor. Ou seja, o termo está diretamente relacionado à grande quantidade de dados que são gerados rapidamente, advindos de fontes como: áudios, vídeos, conteúdos de redes sociais, imagens, entre outras fontes. E devido ao grande volume e variedade dos dados, saber a sua autenticidade (ou Veracidade) é imprescindível para as organizações; já que a qualidade das informações disponíveis (ou seja, o Valor) pode impactar a tomada de decisão.








O termo Big Data surgiu para definir um conjunto de dados (estruturados ou não) tão grande e complexo que já não é mais possível seu processamento utilizando apenas as técnicas tradicionais de banco de dados, ferramentas e softwares. Portanto, o escalonamento destes dados, a diversidade e a complexidade exigem hoje novas técnicas, arquiteturas e algoritmos para captura, gerenciamento, tratamento e análise, permitindo a tão desejada extração de valor e conhecimento; e em tempo real. Alguns autores, inclusive, ressaltam que o Big Data é um fenômeno social que engloba também ativos de informação, conjuntos de dados, tecnologias de armazenamento, técnicas analíticas, processos e infraestruturas.






O Building Information Modeling - BIM, não é um software e sim um processo que, ao longo de todo o ciclo de vida de um projeto, permite a gestão da informação da modelagem 3D paramétrica e gera informações para orientar decisões de todos os atores e disciplinas envolvidas.  O BIM vem revolucionando os setores de Arquitetura, Engenharia e Construção civil - AEC, ao absorver o termo construção inteligente para manipular o fluxo de dados e informações para o gerenciamento.




A utilização de um grande banco de dados com informações sobre o projeto em combinação ao BIM, possibilita o uso de análises para revelar padrões, promove grande diversidade de simulações e aumenta a previsibilidade de custos e cronograma de projeto. A integração do sistema de modelagem orientado por dados em tempo real ao BIM permite também, fazer alterações de projeto e, consequentemente, de custos, em tempo real podendo assim, prever e minimizar desperdícios desde o estágio inicial de projeto. Acredita-se que esse uso do BIM indica uma forte oportunidade de se aproveitar o potencial de Big Data em grandes projetos, de forma mais inteligente e produtiva e com maior controle de decisões.





Algumas construtoras têm obtido resultados significativos quanto a redução do desperdício ao aliar, por exemplo, a tecnologia Lens (que utiliza Big Data) ao BIM, que possibilita a construção de um modelo 3D a partir de dados do local. Melhorias na gestão também são perceptíveis, já que hoje existem inúmeros aplicativos e plataformas de gestão que utilizam ferramentas Big Data para acelerar tarefas de gestão de pessoas, materiais, custos e resíduos. Pois as estatísticas obtidas a partir dos dados e os gráficos interativos (exibidos em painéis de visualização conhecidos como dashboards) contribuem para os gestores tomarem as decisões mais rapidamente e de maneira mais assertiva.






Também é importante ressaltar a melhoria na produtividade e redução de custos devido às simulações avançadas ajudarem a reduzir a quantidade de mudanças e ajustes necessários nos projetos. As construtoras e incorporadoras têm utilizado as ferramentas analíticas Big Data nos seus setores de vendas, marketing e atendimento ao cliente para conhecer melhor os seus clientes e seus hábitos de consumo; isto tornou as pesquisas de mercado mais eficientes e eficazes. Hoje a empresa como um todo pode fazer uso de ferramentas analíticas para obter maior eficiência e eficácia nos seus processos.






Para os interessados em avançar seus conhecimentos em relação a utilização do Big Data e suas aplicações é preciso ter afinidade e conhecimentos de matemática e estatística e se possível também fundamentos e linguagem de programação, entendimento básico de base de dados e conhecer um pouco sobre exibição de gráficos e visualização de informações.




Autoras: 


Larissa Ferrer Branco é mestre em Arquitetura e Urbanismo, membro do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie e professora de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

Massaki de Oliveira Igarashi é mestre em Engenharia da Informação, professor e pesquisador do Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie em Campinas

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